domingo, 24 de maio de 2009



Respire fundo! Alto! Inspire profundamente e vá soltando o ar dos seus pulmões tranquilhamente, sem esforço, na menor velocidade de expiração possível. Pronto, estou na Amazônia. E os pensamentos se tornavam passo a passo delirantes. Estar na Amazônia, é a todo momento a sensação de estar numa área que mais representa o país por isto talvez desperta na gente (escrevo pela sensação dos outros) e desenvolva nosso espírito de poder estar fazendo sempre o melhor de si para ajudar um povo bonito mas que ainda não recebeu a total prioridade que merecem. São descedentes de índios perambulando aos milhares como mendigos pelas cidades grandes, como em Mana ós, ou em cidades pequenas sendo ainda submarginalizados. Uma palestina antiga coberta pelo tapete com seus problemas ainda camuflados. Não fiz minha mala com antecedência, preferi arrumar tudo nas últimas 6 horas. Um avião lotado de japoneses. A vista de cima á noite. Uma outra sexta-feira encaixada na minha mente. O calor equatorial. A paranóia existencial em aeroportos com as doenças infecto-contagiosas, nada mais certo. O clima equatorial me contaminando de braços abertos. Uma existência que me levava para diferentes lugares, cercava meu corpo como transportador do melhor de min. Me enxergava. Me des-reconhecia. Me colocava no mesmo pacote. Meus olhos não visualizava mais estradas. Sentia saudade da literatura beat. E , por um segundo, imaginei como transportaria minha nova vida sem andar de carro em estradas. De cima, uma nova geografia que me esperava, e ia contornando meus pensamentos mais sinuosos. Rios, rios, eu rio. Verde escuro oliva, uma visão pálida que não se suportava á vista comum de todos ao meu redor. Eu via tudo inexplicavelmente divino e sedutor. Por onde quer que andasse naqueles dias. Observava cansativas manifestaçoes da alegria clichê dos turistas obcecados. Me encontrava com o silêncio na tentativa de estabelecer uma sintonia com o novo lugar geográfico. Os cafés extra-fortes servidos não me reestabelecia mais. Tudo era demais desafiador. Eu estava intacto. Eu me lembrava dos mares da Bahia, dos negros. Eu amava a cultura negra. Eu que cultuava o Pelourinho aos sábados mortos em minhas caminhadas solitárias pela cidade. Eu amava que amava a cultura negra, sentia saudade da energia do mares prateado. Eu estava feliz. Estava solitariamente bem. Eu que chorava silenciosamente sem lágrimas uma sucessão de amores, ouvia a poesia de Jards Macalé, uma cornubação de músicas em melancolia que me alegrava de vez ou outra, e me lançava para o distante. Sentia que podia. E o tempo urgia dentro de algum coração. Perto do coração selvagem. Me levava para os seios da selva. Me atravessava mais e mais. Tudo se manifestava em mato. Quase 2 meses de treinamento em exército, dias e noite de deserto. Todas as missões possivelmente impossíveis. Suor e paciência. Marchas que fazia-me sentir o mais velho dentre os mais jovens. Uma junção que agora unia o novo e antigo, reunidos como solda. Ligas prontas para o futuro sem ferrugem. Devidamente preparadas e ajustadas. O dia corria, experto, elétrico, tolos. Ainda sofria pela péssima saudosa companhia de Henry Miller em minha vida, pensamentos plenamentes programados para as minhas mais promissoras futuras contradições. Tinha raiva do ser humano, mas era inevitavelmente dentre todos outra vez um adolescente da pior espécie. Todo um conjnto de normas seculares que me atingiam pacientemente, me testando. Mas também tinha orgulho do ser humano, via como poderia ele ainda ser íntegro e lutar por um ideal. Me sentia forte como um touro. Me sentia obstinado e tinha que ser. Estava abatido, 4 dias na selva sem comer quase nada em um treinamento de sobrevivência. Estava ligeiramente rápido. Tinho me superado nas barras. Estava confiante com a ingênuidade de um Forrest Gump. Meus músculos urgiam. Um disco do Naná Vasconcelos e eu via meu sangue fluir com a mesma velocidade de novo, de volta, com mais vida. Era uma nova readaptação. Eu estava tímido, mas tinha todos os alvos na minha mente. Todo meu desejo de evolução. Aquietar a mente. Limpar meu corpo. Eu ia ....

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