sábado, 7 de fevereiro de 2009


Hoje já completa 09 dias em solo Amazonense. Demais! Não sinto falta do meu lar. Fase "No direction home", ainda. Nem sinto falta de min mesmo, ainda, por enquanto , atribuo algo espetacular á este estado, assim como o teatro Amazonense, talvez. Em min, reside a perspectiva de tentar ser fiel a narrativa e registra-la de alguma forma, em marcas pelo corpo, pelo cérebro e universo. Todos meus passos reunidos numa linda coletânea de folhas e ruas e avenidas e overdrives ambientais que ressoam do meu cranio aos confins do mundo, ao fim dos rios com suas águas frias e equatoriais. Sinto um medo imenso de escrever. Não consigo ser tão franco como consigo com meus pensamentos ou como estou sendo tão incrivelmente franco com meus amigos, talvez pela primeira vez na vida, estou mergulhado na sinceridade fraterna, embora ainda sinta uma excitação remota pelos pensamentos obscuros que ora ou outra sou atravessado enquanto decido ir tomar um café no hiper mercado aqui proximo. Tenho pensado na poesia sonora sonica de Rebeca Matta, aqui no Norte existem várias familias Matta. Familia indigena ?. Meus poucos amigos talvez saibam da admiração que tenho pelo trabalho de Rebeca Matta. em minha mente uma parca trilha sonora, uma semana sem ouvir música, o que me fez estar mais sensivel quando tirei alguns minutos para me dedicar a tal feição. Acho que ouvir música é voce se doar para exercitar sua imaginação de repente se voce fechar os olhos voce pode encontrar com a felicidade dentro do seu cranio. Ontem ao dormir, nao sabia o que pensava , nem sabia de min mesmo, nem sabia dos meus amigos, nem do meu anjo da guarda, acreditava que tudo devia estar bem embora pairasse uma duvida no ar, embora esta duvida nao se tornasse ou adquirisse pelos vestigios de tempo que ia sendo matado uma personalidade melancolica ou algo que contraisse minhas reticencias. Estou me tornando menos excentrico, isto é fato, mas de fato a palavra " excentrica" é algo inexplicavel em palavras ouriundas da minha boca. qualquer coisa que exigisse minha pronuncia exigiria uma lavagem com sabão carbolico. Ouvi "Elliot Smith", Angels, da trilha sonora de "Paranoid Park". Pensei em mil coisas, em como desejaria ser feliz, em como eu era aquela música. A trilha têm Nino Rota. Algumas músicas roubam minha identidade, me personificam, me transformam em malha sonora que circula pelo ar envolta da nuvem rápida e veloz videocliptica. Uma partida de 2 amigos para Boa Vista, os deslocamentos e remanejamentos iniciando-se a cada momento como já era previstos, uma coleção de sorrisos frouxos e de desejo ardente para que tudo ocorra da forma mais bonita possivel. Então estive por horas num semi-completo-estado de profilaxia que não significava necessariamente uma agitação mental. Não conseguia pensar em nada que valesse além da minha sonora "criação castigada" e na minha ansia de alcançar de alguma maneira excluindo todas as tentativas de alcançar a soberanidade de uma forma diferente. Desejei ter ao meu lado todo um universo de pessoas conhecidas e desconhecidas, mesmo que fossem iguais e semelhantes entre proprias. Desejei uma lavanderia para arruinar e limpar toda minha enxurrada de pensamentos sujos e arruinado como uma castelo na Praia do forte. E fui desejando tudo da forma secreta que vai escondendo as palavras de voce mesmo, te protegendo de um futuro refém de si mesmo. Afora todos estes estágios invisiveis mentalmente, corri afora após intensamente eletrico e entusiasmente animado. Fui jantar com meus amigos numa pizzaria em frente ao quartel. Tivemos que voltar até as 22:00 hs devido á um interno que foi identificado pela portaria na noite anterior chegando as 5.30 da manha. Nada mal. Isto gerou esta divida para com todos no dia seguinte, já que o major identificou esta falta como uma deronra ao emprestimo de confiança dedicado ao grupo. O exercito é cheio de regras, uma repetição insignificante ad eternum que vem desde Hitler, Mussolini, Vargas. Todos abismados, cansados de tanta burocracia interna. Mil copias dos mesmos documentos enquanto dezenas de computadores ocupam as mesas dos setores administrativos ociosas. Não temos uma identificação completa. Ninguem sabe que de fato estou aqui, ninguem sabe a minha historia, ninguem sabe da minha "camisa amarela". Conversamos na mesa desde caça-vj (outra vez) até sexo com travecos. Fui de Cuba Livre mais uma vez. Tentei estimular minha vontade de escrever, razão para beber mais uma vez, o alcool tem aberto muito do meu intuito em escrever. Bebi, bebi, pedi mais vodka, mas não tive disposição para escrever as 3.000 letras que ambicionava. Não quero me tornar um obscessivo como Jack Kerouac. Hoje vio na Carta Capital uma foto do Hopper, linda , mais uma vez, concisso, equilibrado em cores em solidão. Linda pintura. Chegamos cedo ao shopping para comprarmos um modem. Estamos rindo como nunca. Atingimos as máximas piadas internas. As máximas piadas reflexivas espertas. Tudo poderia ser gravado e daria leves capitulos secretos sobre nossas risadas altas que contagiam idosas e quem esteja por perto, observo discretamente enquanto rio sem vergonha. Chegamos a máxima que estamos esquecendo o nosso "EU", tivemos medo de não reencontrarmos com ele após este 1 ano. E descobrimos que um modem é uma unica possibilidade de encontrarmos com nós mesmos. Sinto um peso no olhar, ultimamente, estaria ficando velho. Estou viciado em cachaças a meses. Sentamos na mesa do restaurante e conversamos horrores sobre relacionamento amoroso, e todos quase ficaram horrorizados quando contava os meus ultimos casos, estaria eu delirando. Tentei ser concisso ao máximo , de forma que pudesse não estar somente ao meu lado. embora não estivesse lados. Tentei ser impessoal ao retrata-los para que enfim não tivesse nada de pessoal e transcedesse o meu caso para que se aplicasse a qualquer cidadão no mundo que sofre por amor. Embora esta regra seja uma regra abusada, pois sabemos que casa ser é um ser, embora o fígado, rins, coração funcionem de forma parecidas fisiologicamente, mas nao patologicamente. Cada cerebro tem uma quantidade de substancia que a torna mais ou menos criativa. E por aí, vai. Ainda tenho medo de escrever. Queria ter a disciplina para escrever todas as linhas, sem que fossem um dia publicadas, estaria mais livre, sinto que não staria escrevendo com finalidade para leitores. Mas devo ser exibicionista, esta porra. Então esta é a disciplina que me cabe no momento. Tenho um universo de pessoas que andam fazendo meu mundo, mas definitivamente não tenho o direito de expo-la , a não ser fazendo o que Kerouac fazia, mas ali era em outra época. Ainda tenho dúvidas do fluxo de narrativa que devo adotar, odeio historias, ando amando o rebuscamento descritivo de uma mesa e seu simbologismo. Chutei o balde e tomei um expresso, pedi pelo curto, mas é ínutil. Dois cappucinos, um pela Kopenhagem, fantastico. Estou tendo um vagabundo reflexo deste vicio. Como agora prossigo a escrever, sentindo um prazer testoronico inigualavel. Seria as 3.000 letras ? Chuvas torrenciais que me lembram a infancia, chuvas que trazem um ambiente de desolação onde é possivel ver milhares e infinitos anjos ao todo redor. Os anjos da florestas. Nina Simone me deprime agora pela primeira vez. O frio do alojamento contrastando com a umidade quente do asfalto das ruas labirinticas do quartel com seus jeepers aguradando a ferrugem da guerra assolar os proximos passos. Uma confusão de informação que daria renda para um bom filme de espionagem , informaçoes contraditorias, em excesso, deficientes, erroneas, um furo jornalistico em dreno bem canalizado pelas mentes operantes do regime dos dias. Uma provavel exigencia que os dias arrastem o excesso de inutilidades como ele foi capaz de restaurar um dia irreconhecivel. Todos os nossos futuros em nossas maos, toda uma possibilidade que cega, restaura, nos leva para longe, que nos suja na lama purificada. Todas as entidades do tempo reavaliadas. O verão e a volta. A volta em nós mesmo. Um próximo janeiro, um proximo verão. Cachorros que rastejam, que vasculham nossas bagagens, que nos recepcionam da melhor forma possivel e atingivel entre sorrisos e latidos vasculhados pela consciencia instantanea do tempo. Todos os sorrisos. Os sorrisos de liberdade. Os que uivam. Todo o lilá da alma. Toda a única vez, agora rasgando de vez. Nenhuma merda mais para contar. Todas as raizes transitando imoveis entre as camas durante a noite e roncos. Entre paulistas e brasilienses. Todo o Brasil. B-R-A-S-I-L. A selva nos une. A selva entre um milhão de menbranas de cordas vocais que branda bradamente. A selva com uma nova semantica, a selva como forma de dialogo, de bem estar. "A selva nos une" pintado em paredes brancas. Tudo sendo percebido imperceptivelemente como unido. Toda minha mudez nas minhas mãos, toda a incomunicabilidade que chega em caixas de correios em sedex quando voce menos espera, numa enxurrada de boas açoes invisiveis. O preço mais caro por viver. O preço de ser sensivel, de ser sempre sensivel, de ajudar o proximo. O preço que vem receitas médicas enviadas misteriosamente pelos pacientes. Requisições, formularios, declarações, toda uma vida existindo, respirando e não te personificando em documentos inexistentes dentre as novas ruinas da civilização. Penso na California, penso em lugares nunca dantes navegados. Penso em quase tudo , embora não penso mais nela. Hoje gritei bem alto mentalmente dentro do quartel " Estou em Manaus" , meu corpo dá forma e começa assimilar onde estou, minha estrutura anatomica pedindo ajuda. Minha fisiologica existencia filosofica no Mundo Livre S.A. Caindo a ficha, caindo zilhoes de fichas em cedulas em um orelhão antigo de fichas. Um jardim em revolução, um prato de flores eternos que sobrepuxa minha cabeça avant-gardens. Que me destroi, me corroe, corroe destruindo todo o concreto da antiga construção. os novos jardins do edens sagrados. Os novos pensamentos em arcos góticos maestrais. Uma nova verbalização, um novo fonema profetico que segue impulsionando e lavando e arrastando quase tudo no dinamo frenetico dos que não dispõe de mais combustivel, um escambo eterno com traficantes das almas. Um jardim de girassoes que avança simultaneamente a construção e erguidão de muros de contenção. Uma sofreguidao sem fim que alegra todo o universo que vai enviando tropas de contenção e fortalecimento de nervos e estatuas. Uma rede de fascias que vai mantendo os antebraços relaxados e confortaveis. Todas as formigas destruidoras e renovadoras da imensidão orgânica da selva do coração.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Manaus, 03 de Fevereiro de 2009

Dose o dia de hoje. Estou me esforçando. Acordei literalmente naquele mesmo horario com um bando de homem no alojamento e um frio ferrenho em Manaus, graças a falta de liderança em alguém ajustar ou criar em consenso um acordo sobre a temperatura. Mas tudo foi seguido sem pormenores, em 20 minutos estava já no refeitorio tomando meu nescafé extra-forte que já bem mais ameno em relação aos cafés curtos. Lá vamos nós, me assegurei de levar o "Uivo" de Allen Ginsberg como amigo. Já fiz um suposto amigo, e ele é bastante culto e me lembra as sacadas do Ginsberg, então é uma honra dividir o dia e fazer mini-conclusões e analises acerca de toda a loucura que se deparou em nossas vidas (quando digo nossas vidas refiro-me aos aproximadamente 60 médicos que estão aqui). Hoje ficamos a maior parte do dia num auditorio, tomando o velho suco de caju de garrafa bastante adocicado pelo qual todos reclamam , mas que todos não perdem a chance de tomar, algo inedito, por esta razão o suco de caju tem sido alvo de piadas e insatisfação geral da galera. Alguns fazem pressupostos, dizem que a cada ano o exercito escolhe uma fruta fechando com alguma empresa e este ano só dá o caju da garrafinha de vidro. Tivemos uma aula muitissimo boa sobre malária e Leishmaniose, fantástica, daquelas que voce fica arrepiado e ativa energeticamente seu cérebro. Incrivel me deparar com a incidência destas doenças tão frequentes aqui no norte. No mais, um dia degastante que não vale a pena reclamar aqui. Quando entrei no Õnibus que nos levaria de volta, Rodrigo perguntou-me meio sem querer qual minha impressão do dia, de cara respondi: "estou embriagado com tanta excesso de inutilidades" . Não esperava mas a galera riu demais, e minha frase num consenso entre alguns parece que virou uma frase síntese do dia cansativo em que todos estavam visivelmente. Eu realmente me sentia embriagado ao ver meus dias passando aos meus olhos. O dia passou rápido, pelo menos isto, estamos todos loucos para começar a trabalhar e realmente saber onde iremos ficar na cidade ( digo no hospital ou no batalhão de infantaria da selva ). É algo que ninguém pode nos dizer com exatidão, somente quando chegarmos na cidade com o general responsavel pelo comando. Já furei com a galera 3 saidas, todos fazendo questão da minha presença e eu da deles também, mas acordar cedo exige de min uma introspecção que gasto escrevendo, lendo , enquanto estou com estas pequenas oportunidades. Mas amanha com certeza já prometi que tomaremos uma cachaça, um oficial nos indicou um bom lugar, seguiremos a pista. Nunca pensei que iria rir com tamanha intensidade desde que cheguei, vivi uns momentos de alegria profunda, dentro do onibus, com as sacadas da galera daqui. tudo isto para espantar o inesperado que nos aguarda e cria um clima totalemente de indefesa entre todos. Um semi big.brother. Apesar dos pesares, estou rindo como antes, como quando guri.