domingo, 27 de abril de 2008


Não sei para onde ir, não sei para onde eu vou. Meu corpo prendido ao terreno fértil do mundo, apreso pela força da gravidade voa e transita, quase evaporando embora ele se alinhe ao movimento de rotação da terra e da linha da marcha. Perda ponderal. Meu corpo é uma prova cabal que ainda existo. E vítima é prova das inúmeras mortes e lugares por onde esteve. Acabo me tornando a história mesmo sem nenhuma história registrada. Sendo o convés e diagnostico que entre um passo e outro do meu corpo existe o ar. E que ninguém será capaz de dissecar estas inúmeras células que se recompoem de acordo com a constelação. Ontem eu fui Jack Kerouac e fui sem ter a noção do presente em que seria. Fui Jack Kerouac irreconhecivelmente ao meu espírito e me sentei entre homens para discutir a sua obra. Tolo, tão idólatra e feliz. Arruinado na minha condição de verme impostor. Um fariseu entremeado com punhais e percevejos. Meu andar era de Kerouac, e na boca o amargo de desnecessários outros sonhos irreconheciveis quando soados por outras palavras de outros homens. Mergulhados em lagos aparentemente estamcados de idiossincrasias familiares. Faminto e desnosteado. Em busca mesmo que transeunte no profano de algo sagrado, silenciosamente sagrado. Que minha boca se cale e seja lavada com sabão, estático. Redescobri uma veia da liberdade, e o amor necessário para continuar caminhadas solitárias. Não sei para onde estarei indo, mas vejo transversais de possibilidades que me afastam cada vez mais para perto algum eu.

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